Pantanal intenso

Embarque num safári espetacular onde o Brasil se encarrega de preservar com força uma das maiores diversidades de fauna e flora do planeta

POR Claudia Liechavicius  3 MIN

Os tons alaranjados de cada amanhecer no Pantanal são alardeados pela algazarra das araras-azuis, dos papagaios-verdadeiros, dos barulhentos aracuãs-do-pantanal e das centenas de animais da região, numa sinfonia cheia de cor. A vida selvagem impressiona na maior planície alagada do mundo. E, foi exatamente ali, numa fazenda centenária do Mato Grosso do Sul, estado que concentra 65% do território pantaneiro do Brasil, onde nasceu a Caiman Pantanal há mais de três décadas pelas mãos do ambientalista Roberto Klabin. 

Com cerca de 53 mil hectares, a Caiman Pantanal é muito mais do que um hotel sofisticado, é um refúgio ecológico voltado para a preservação das espécies e da cultura pantaneira. Sempre inovando, em junho de 2021 a propriedade inaugurou a Casa Caiman após uma reforma completa na sede histórica da fazenda e na antiga casa da família, que juntas somam 18 acomodações impecáveis, servidas de piscina, redário, bar, restaurante, sala de leitura e muito espaço ao ar livre, além de contar com duas villas independentes, Baiazinha e Cordilheira, com seis e cinco quartos respectivamente, a alguns quilômetros da sede. 

O projeto dos sonhos da família Klabin, na zona rural da cidade de Miranda, a 240 quilômetros de Campo Grande, virou realidade e hoje agrega ecoturismo e conservação, juntamente com a tradicional pecuária. Avistar onças-pintadas, antas, tamanduás-bandeira, cervos do pantanal, lobos-guará, tuiuiús e dezenas de outros animais caminhando despreocupadamente a poucos metros de distância do veículo, num safári no Brasil, é um privilégio.  

Guias bilíngues e uma equipe de naturalistas de várias áreas de formação acompanham a jornada dos turistas traduzindo as cenas que se descortinam. Foi a bordo de uma Land Rover amarela, camuflada, do Onçafari, que avistei perplexa o namoro das onças-pintadas Nusa e Robusto. Mesmo tímidas, elas estão habituadas à circulação dos veículos e não se sentem ameaçadas. Oito onças-pintadas têm radiocolares dotados de sinal GPS/VHS para que a espécie seja estudada e protegida de extinção. O Onçafari é um projeto de sucesso que existe há dez anos, desde que a Caiman Pantanal se associou ao automobilista Mario Haberfeld. 

Mas não para por aí: graças ao trabalho belíssimo do Instituto Arara-Azul, iniciado pela bióloga Neiva Guedes, em 1990, a arara-azul foi alçada da lista de “ave ameaçada de extinção” para a categoria de “vulnerável”. É emocionante acompanhar as pesquisas de campo dos especialistas monitorando os ninhos naturais e artificiais da propriedade, de maneira minuciosa. Como resultado, a população de araras praticamente triplicou.  

Depois do espetáculo de mergulhar na cultura pantaneira, remar acompanhada de jacarés numa canoa canadense, avistar onças-pintadas e dezenas de outros animais selvagens nos safáris, monitorar ninhos de araras-azuis, cavalgar e pedalar, o céu se vestiu de festa para a difícil despedida, revelando mais uma vez a força do Pantanal. Eis um Brasil cheio de vida, que dança conforme o ciclo das águas, renasce a cada estação e merece ser reverenciado. 

 

+infos: caiman.com.br