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1 de julho de 2021

Amazônia

Para viver o mais autêntico Brasil: a vegetação, a fauna e a flora, os cheiros e gostos, a população e todas as descobertas dessa jornada dos sentidos

POR luigi dias, fotos: luigi dias e Melissa Oxlade, da amazônia 6 MIN

Prólogo

Uma vez perguntaram: qual o cheiro do Brasil? Cheiro de esteira de palha; de mato molhado; de chuva… As respostas foram muitas.

Os aromas estão intimamente ligados às nossas memórias. Nos transportam pelo tempo, de volta a um lugar, a um fato específico. Dizem que o ser humano tem dificuldade de intelectualizar os aromas, transformá-los em palavras. Por isso despertam tantas emoções.

Mas a pergunta em questão tem a ver com o país. E quando se trata de Brasil, a Amazônia é a primeira coisa que nos vem à mente. Antes mesmo do Carnaval.

Quando vamos à Amazônia pela primeira vez, descobrimos um universo de cheiros. Alguns conhecidos, mas infinitamente mais potentes do que lembrávamos. Cheiros novos, delicados, inebriantes, de flores, cascas de árvore, formigas. Sim, formigas! E também o cheiro de esteira de palha, de mato molhado e de chuva.

No começo de nossa viagem, porém, o que deu o tom surrealista foi o imponente Teatro Amazonas, no Largo São Sebastião, em Manaus.  Palco de Fitzcarraldo, de Werner Herzog, é uma miragem renascentista de exterior rosa e branco e cúpula verde, azul e amarela composta de 36 mil peças de escamas em cerâmica esmaltada e telhas vitrificadas, vindas da região da Alsácia, que nos exerce um fascínio romântico incrível. E ali, ao lado do teatro, o Restaurante Caxiri, orquestrado pela chef Débora Shornik — que também assina o cardápio do restaurante flutuante Flor do Luar e Mirante do Gavião, em Novo Airão, rio acima —, apresenta pratos inspiradores, o que chama de cozinha mestiça, genuína da região, com ingredientes locais, alguns incógnitos até do paladar do próprio brasileiro.

O curioso em fazer o caminho inverso, começando da cidade e seguindo rumo ao desconhecido, é que, à medida que nos aproximávamos da essência da Amazônia, a viagem tornava-se mais rica e interessante. O ecletismo da arquitetura colonial do centro de Manaus logo perderia seus contornos, sendo substituídos por uma sinfonia animal de altíssima potência; e a culinária, simplificada ao extremo, conforme avançássemos floresta adentro.

 

Alguns dias depois, já não nos lembraríamos mais do porto de Manaus, abarrotado de barcos coloridos e plataformas de balsas apinhadas de quiosques de bebida, embalados ao som do carimbó, na Zona Franca. Uma memória distante. Exceto pela visão de um boto-cor-de-rosa nadando nas águas do Rio Negro, que vimos do Bar da Denise, na ponta do píer. Talvez tenha sido o sol que nos massacrava os sentidos, ou o suor que encharcava os olhos. Mas nos encheu de fascinação: “O que mais há lá fora?”.

 

Adeus, civilização

Não vou mentir: o caminho de Manaus até Novo Airão — o último resquício de civilização antes de embarcarmos na nossa jornada pelo Rio Negro — não é fácil. São três horas de estradas esburacadas em alta velocidade. O coração quase sai pela boca. A cada quilômetro, um novo susto, um temporal, um animal perdido. Não chega a ser uma novidade, mas a sensação é de total ausência de leis, com exceção às Leis de Newton. No entanto, tão logo chega-se em Novo Airão, o tempo para totalmente e as leis da física cessam. A partir daquele instante, valia apenas a lei da selva.

Novo Airão é um município de 17 mil habitantes, localizado a 180 km de Manaus, encravado no meio da Floresta Amazônica. É onde se encontra o Parque Nacional de Anavilhanas, área federal de proteção que engloba um dos maiores arquipélagos fluviais do mundo, com mais de 400 ilhas, centenas de lagos, rios afluentes e igarapés de diferentes espécies de flora e fauna.

No restaurante flutuante Flor do Luar, somos recebidos por uma chuva leve. E não demora muito a entendermos a floresta. O ciclo da vida se manifesta sem cerimônias: vida, morte, renascimento. A única certeza que se tem ao nascer aqui.

Pensamentos são interrompidos pelo delicioso almoço típico, bem rústico, o mais saboroso da viagem. O tambaqui, peixe gordo e saborosíssimo como a carne de porco, vem acompanhado de farofa crocante e bananas assadas. E só. Comemos em silêncio. Uma menina deixa a cozinha e corre para ver o barco que chega: uma gigante carranca de crocodilo se aproxima e atraca ao lado do local. É o Jacaré-açu, uma das embarcações da Expedição Katerre, e que seria nossa casa pelos próximos dias. Tudo é simples: o quarto pequeno, o chuveiro de água fria do rio, a pequena mesinha de estudos. Apesar de charmoso, é um espaço feito sob medida para mantê-lo fora, no deck superior de visão 360º, em contato com a natureza e os outros hóspedes a todo tempo.

Conforme subimos o Rio Negro, a paisagem composta de faixas de rio e de floresta permanece inalterada por horas. Mas quando as margens estreitam e o mato parece crescer em altura, algo diferente acontece: as águas tornam-se menos encrespadas e adquirem ares de um espelho perfeito. Sem ondas, tudo o que você vê acima da superfície se repete com a mais perfeita fidelidade, num reflexo mágico e cristalino. A floresta ganha uma proporção maior. Árvores secas formam figuras fantasmagóricas. Os sentidos se aguçam. Não existe mais lado. Você é literalmente engolido, apenas para ser expelido, dias depois, uma outra pessoa.

À noite, a floresta ganha vida e o silêncio da manhã transforma-se numa ópera de proporções amazônicas. Tudo vivo parece emitir um som, um grito, uma risada. A sinfonia das cigarras vem em ondas sônicas que atravessam seu córtex cerebral. As estrelas se acendem no céu e o barco segue seu curso noite adentro pela escuridão impenetrável. Sinal de celular, mídias sociais, notícias 24 horas, tudo ficara para trás. Protegidos apenas pela carranca do jacaré, esperamos o sono chegar.

 

A floresta

Nada pode prepará-lo para as emoções de uma trilha de cinco horas no meio da mata amazônica, na Reserva de Anavilhanas. Nosso experiente guia, Samuel Basilio, vulgo Karapura, nativo de etnia yanomami, nos conduz pela trilha — que logo se transforma em mata fechada — enquanto discursa sobre lendas, mata nossa sede com água fresca extraída de cipós e faz arcos e flechas do nada, como mágica. Na floresta existe um remédio para quase tudo, explica ele, e bebe o líquido branco e doce que escorre de um tronco.

A umidade é avassaladora. O calor aumenta a cada passo, mas chega um momento em que você não se importa mais. Tudo brilha e cintila ao seu redor. As camadas de galhos e folhas sob nossos pés mal nos dão sustentação. Afundamos. Saímos. Continuamos. E a luz do dia mal chega à superfície. A abundância de aromas é inebriante. As formigas deixam cheiro de cânfora, uma vez esfregadas na pele. Frases soltas, palavras desconexas.  Deve ser o calor.

Passamos por grutas escuras. Morcegos, aranhas, sapos, a vida brota do chão. Que chão? Esqueço que no meio da floresta não tem. Ele se mexe, me equilibro, não posso parar. Tudo é tão delicado e ao mesmo tempo tão brutal. Avançamos. No final da trilha, a sensação é recompensadora. Pesadelo ou sonho, não sei dizer: foi fantástico.

A voadeira, uma embarcação menor movida a motor com estrutura e casco de alumínio, nos leva de volta ao Jacaré-açu. Exausto, feliz da vida, eu só queria um banho gelado. O final da tarde ainda nos presenteia com um lindo pôr do sol, que fez toda a imensidão do Rio Negro explodir em beleza.  Mas o dia ainda estava longe de terminar. E o melhor, por vir.

Logo estávamos de volta à voadeira. Faríamos um passeio noturno pelos rios, ilhas e igapós — as florestas inundadas — à procura de animais variados, pássaros e jacarés. Quando pensamos na Floresta Amazônica, o que nos vem à mente são os grande animais: preguiça, onças, jacarés, araras multicoloridas etc. Mas a Amazônia não é exatamente um zoológico; e a vida selvagem está em uma área que cobre mais de cinco milhões de km². Nem gente se vê! O que se percebe são os pequenos animais: rãs minúsculas do tamanho de uma unha, formigas, mosquitos, lagartas e peixes. Esses são os verdadeiros donos do pedaço.

 

Partimos de canoa e somos novamente engolidos pela noite. Mas o surpreendente aconteceu quando deslizamos em uma escuridão absoluta no Rio Negro e afluentes, debaixo de um céu iluminado por bilhões de estrelas, refletidas no espelho d’água. Nossa canoa se transforma numa nave espacial que viaja na imensidão do espaço. Quem diria que a Floresta Amazônica se revelaria em toda a sua exuberância no momento mais negro. “O que estamos fazendo aqui?”, pensava eu. Na mais intensa experiência transcendental, provavelmente o momento mais belo da minha vida, esqueço meus medos e me deixo guiar por aquela Via Láctea.

À frente, uma única árvore brota no meio do mar cósmico, solitária, impassível. Eu não queria mais parar. Foram minutos, horas, não lembro; pois o que tento descrever em palavras, agora, é apenas uma minúscula fração dos sentimentos que experimentei aquela noite. Dali em diante, estava entregue e nada iria se equiparar àquela experiência. Nem os botos, nem as piranhas, nem os igapós cinematográficos do dia seguinte, nem as ruínas misteriosas de uma cidade portuguesa do século 19.

Na comunidade ribeirinha de Aturiá, no Parque Nacional do Jaú, acompanhei os moradores fazendo farinha de mandioca e participei de uma aula de religião católica numa pequena sala escura de paredes de madeira. Também visitamos petroglifos pré-históricos num sítio arqueológico esquecido: o desenho de um homem e sua companheira grávida. Tentei imaginar o que pensava o ser humano ancestral enquanto gravava a pedra com o próprio punho. Tenho certeza de que nossos olhares se encontraram por um breve instante.

Na Amazônia, as conexões viajam pelo tempo e espaço. Essa é a sensação. Finalmente entendo que tudo está interligado. E nem foram necessários os famosos chás e poções mágicas. É hora de retornar…

 

Epílogo

De volta à civilização, no quarto de um dos mais luxuosos hotéis que já conheci, o Mirante do Gavião, bem de frente ao Rio Negro, não consigo tirar da cabeça aquela noite sob as estrelas. Sou tomado por um sentimento de satisfação sem igual. Entendimento, respeito, lucidez. Uma chuva leve começa a cair enquanto me arrumo para um jantar de despedida.

Qual o cheiro do Brasil? Agora eu sei. O Brasil tem cheiro de Amazônia.

Dicas quentes

como ir

O ideal é voar de São Paulo ou outros destinos no Brasil para Manaus, dormir uma noite em Manaus e depois embarcar para sua expedição.

 

O que levar

Roupas leves e confortáveis, tênis adequados para trilhas, repelente, protetor solar, mochila para passeios, garrafa térmica e uma boa máquina fotográfica.

 

vacinas

É aconselhável tomar as seguintes vacinas:

– Febre amarela

– Hepatite A

– Atualizar a vacina antitetânica e de hepatite B

 

Quem leva

Expedição Katerre

A Katerre nasceu em 2004, partindo de uma vontade em desenvolver expedições de ecoturismo em comunhão com as comunidades do Rio Negro. A empresa tem sede no município de Novo Airão, localizado a 200 km de Manaus — ponto de partida para explorar toda a extensão do Alto Rio Negro, seja em expedições de três a sete noites, ou em viagens customizadas (charter) disponíveis o ano todo.

Os roteiros regulares mais curtos (três noites) percorrem Anavilhanas — o segundo maior arquipélago fluvial do mundo —, e os mais extensos (sete noites) sobem o Rio Negro até o Rio Jauaperi, na divisa com o estado de Roraima.

O Jacaré-açu, barco que TOP Destinos navegou, conta com cabines-suíte com ar-condicionado, sala de refeições, sala de convivência e cinema, com sofás e projetor para filmes, além de um deque aberto com solário e redes para relaxar.

Antes de embarcar, vale saber: não há conexão de internet nem sinal de telefonia móvel durante a navegação. A ideia é desconectar. Há apenas um telefone via satélite, usado exclusivamente em casos de emergência. Os passageiros contam com internet e sinal de celular quando mais próximo ao município de Novo Airão, e conexão wi-fi grátis no Mirante do Gavião Lodge.

Nosso roteiro: Parque do Jaú, com duração de cinco dias e quatro noites, acomodação em suíte para duas pessoas. Incluso: roteiro completo, acomodação em suíte com ar-condicionado, all inclusive, passeios com guia especializado local e bilíngue. Transfers ida e volta Manaus-Novo Airão.

Mais informações: (92) 3365 1644 ou katerre.com

Instagram: @expedicaokaterre

 

* Luigi Dias é fotógrafo, diretor de filmes internacionais premiados e viajante profissional. @luigi_dias

Tags brasil DESTAQUEHOME CHAMADAHOME TOP Destinos Amazônia Largo São Sebastião chef Débora Shornik Flor do Luar Mirante do Gavião Manaus Rio Negro Novo Airão
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